O MISTICISMO PSICOLÓGICO NA VIDA E COINCIDÊNCIAS
Você acredita em coincidências? Que
casualidades e destinos traçados por fios invisíveis, aonde possivelmente “parcas,
divindades superiores, ou o universo”, vão controlando e delimitando
momentos em que você viverá, ou simplesmente desfalecerá por motivos que em
dada circunstância, irá parecer óbvio ou injustificável? Aquilo já
estava ou esta planejado? Qual sentido de tudo? Esses são alguns dos grandes
mistérios que acorrentam a vida em redes de misticismos e exclamações,
apresentando a nós uma divisão na sociedade, pelos visionários em crenças para
a vida e o pós-vida, e outra já resguardada de indagações do ser.
Como individuo de questionamentos insaciáveis, e
buscas constantes por respostas, claramente sempre segui em um desses grupos. A
alienação familiar me fez em primeira causa, aceitar fatos sem questionar, por
pura conveniência do seguimento que toda uma geração seguia. Mas quem disse que
as flores não desabrocham no momento certo?
Depois de toda uma “catequização” realizada, e
aulas a um público infanto-juvenil, comecei a questionar-me constantemente
sobre certas idéias e dogmas que pareciam abstratos demais para apalpar. Corri
ao mundo atrás de minhas respostas. Seja na parte mais espiritualista,
filosófica, ou histórica. Após buscas em diversas vertentes, muitas das
conclusões que cheguei, a maioria das minhas dúvidas foram começando a ser
compreendidas. Posso dizer que gosto de chegar a apenas uma visão de um todo
para o que queria? Não. Eu sempre quis e quero mais. Aqui chegamos ao ponto em
que estou com meu corpo e essência inclinados a mais uma visão onde por fim,
talvez dê um tempo a minha mente infatigável: a psicologia.
Não podemos negar que a religião, é a vivência em
que mais resguardamos a inclinar estas observações duvidosas e místicas. Porém,
há campos atuais, que podemos buscar completar essas respostas, com estudos
palpáveis de mentes gritantes, como eu e possivelmente você, já que leu até
aqui.
Há alguns teóricos que gosto de me basear para
tentar desvendar os mistérios que essas dúvidas me colocam em peso. Dois são
estudiosos do campo da psicanálise, que em resumo do resumo é o estudo do
comportamento considerando o inconsciente e a libido do individuo; e um da
psicologia analítica, que em contraste com a psicanálise, serra
a ideia abrangente da função libido, enfatizando a importância da
psique individual e do ver sobre a transcendência e simbolismo do ser. São
eles: Freud, Lacan e Jung, respectivamente.
Os três oferecem um embasamento teórico gigantesco
para ser trabalhado em uma vida apenas (aqui trarei um resumo
da ideia central de ambos), onde destacam esses misticismos
dogmáticos, que gosto de tentar interpretar trazendo para pessoas e situações
do meu cotidiano. Ali, pouco a pouco vou conseguindo visualizar, traços de
simbolismos das três teorias com sua relação às crenças pessoais e dúvidas que
buscam diariamente. O ser humano quer saber tudo, porém não aceita a maioria
das respostas que encontra.
Sigmund Freud traz em sua teoria
uma ideia que nosso aparelho psíquico interno, trabalha com
mecanismos e percepções, que são capazes de captar acontecimentos nas
profundezas do inconsciente, fazendo a representação de expansão para o ego.
Como o próprio nome da sua obra diz: “obscura autopercepção do reino
exterior ao ego, do id”. Assim, trabalha com essas crenças como uma
patologia universal humana e uma neurose coletiva obsessiva, onde nos agarramos
em circunstancias adversas.
Jacques Lacan via como uma representação de caráter
erótico na experiência mística, onde esta seria “uma forma substitutiva
e neurótica de satisfação sexual”, por crer não ser incomum que a
erotização da relação amorosa com a divindade esteja atrelada a uma perturbação
da devoção religiosa.
Carl Gustav Jung por usa vez, já vê a importância
nessa crença pela espiritualidade, por ser um fenômeno necessário para ser o
ser humano. Tanto que não há dificuldades em encontrar nos escritos de Jung,
sobre símbolos, exemplos tirados da mitologia e religiões orientais e
ocidentais. Ele ainda salienta sobre as crenças e a religiosidade, que: “Trata-se antes de uma questão de saber intuitivo,
a fonte da qual deriva a eficácia de todos os símbolos religiosos. Aqui nenhum
entendimento consciente é necessário; os símbolos influenciam a psique do
devoto através da intuição”. E são
comparadas a uma mãe acolhedora, que recebe seus filhos nos braços. Seus filhos
desesperados com suas dores e angústias se refugiam na religião em busca de
alívio e até mesmo a própria cura.
Ambos estudiosos mostram que seja crendo ou não em
um poder maior das leis que regem o universo, nosso psique se modifica. Essas
idéias trazem constantes frustrações por respostas e sentido ao que chamamos de
vida e vive-la. Quando não nos agarramos a algo verdadeiramente significativo
para nós, a visão de uma futuro amanhã torna-se chula, sem aguardo de algo de
mais valia, ou até mesmo promissora. Isso é algo subjetivo para cada um
claramente, mas ainda assim, mostra que nosso pensamento coletivo em relação a
preocupações primitivas, acompanha-se ainda nos dias atuais.
Como ideia de que para tudo haverá sempre
uma possível melhora, deixo com vocês um pequeno trecho meu para pensamento.
“Minha evolução e busca por mim mesma, tem
sido intensa e nada linear. Porém contínua, por que a estagnação não traz a
resposta que eu busco, apenas me deixa ver a resposta que os outros querem que
eu as aceite”.
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