O SÉCULO DO COMPLEXO DE ATLAS




Ninguém sabe o peso de carregar esse todo nas costas. Na realidade, há alguém que sabe sim: Atlas, o titã. 

Talvez você se pergunte: “Por que você está falando de um conto mitológico tão antigo?” Bem, metáforas e parábolas sempre foram utilizadas por lideres para orientarem o pensamento humano. Sabemos também, que desde a época da Grécia antiga, vivemos tentando encontrar as causas dos fenômenos naturais, de alguns comportamentos e tudo que nos falte uma explicação lógica. E a resposta que a sociedade do período encontrou, foram aplicar as causas dessas ocorrências aos deuses, e seres mitológicos que veneravam.

Particularmente, a história daquele que carregou o peso do mundo nas costas, sempre me deixou fascinada. Atlas, era filho do titã Jápeto. Seu mito foca-se, em como ele é castigado ao participar da guerra dos Titãs contra os deuses, em busca de alcançar o poder supremo e domínio sobre a Terra. Estando no lado perdedor, Zeus decidiu que sua punição seria “Pô-lo a sustentar, nos ombros e para sempre, a abóbada celeste.”, ou seja, por toda eternidade, Atlas carregaria o peso do mundo em suas costas.

Este conto foi tão significativo para o mundo ocidental e oriental, que muitas associações a seu nome, e sua história foram feitas ao longo dos anos. Um exemplo relevante a ser usado, é o fato da primeira vértebra cervical da coluna vertebral, ser chamada de vértebra Atlas, onde o mundo é representado pelo crânio ou a cabeça.

Contudo, apenas para a fisiologia vertebral que podemos associar esse nome e seu significado?

Para alguns de nós na psicologia, toda mitologia acaba sendo uma excelente fonte para estudarmos a psique humana, pois são estórias e personagens que representam aspectos e imagens de nosso próprio inconsciente.

Com o mito de Atlas não é diferente. Na realidade, é um dos casos que mais vejo em alguns familiares e amigos: carregam toda carga emocional e psicológica que não os é de obrigação, aumentando assim seu cansaço mental e patológico.

Muitos de nós tendemos a acumular responsabilidades e tensões em cima dos ombros que não nos pertencem. Buscamos estar no comando de tudo, acumulando responsabilidades e tensões, numa tentativa de cuidar de tudo e de todos. Não soltamos de maneira alguma. Com isso, avolumamos nossa carga de problemas, ao acrescentar o do outro. Esse martírio somatiza no individuo, trazendo a ele diversos sintomas ao corpo físico como: Nervosismo exagerado, bruxismo, insônia, ansiedade, intranquilidade, e principalmente dores no pescoço e na cabeça.

Nossa capacidade de lidar com essa separação de quem podemos ajudar, ou das cobranças do mundo de o que devemos fazer, como devemos, e com quem, nos conduz a insatisfações dominantes na mente. Passamos a sentir que não estamos agrandando da forma que fazemos, e nos colocamos na expectativa de fazer sempre mais. Quando essa mesma desaponta apenas a nós, essa carga aumenta ainda mais.

Precisamos findar o Titã adormecido dentro de nós, desenvolvendo  a capacidade mental de lidar com estresse e situações limite. Das formas que sempre indiquei a liberação desse estresse, uma das que mais gosto é a meditação. Claro que há quem não tenha a paciência de se sentar e focar no seu controle sobre si mesmo e sua concentração, então aos radicais, que se joguem nas lutas e artes marciais. Devemos sempre buscar lidar da forma mais positiva e construtiva  com os problemas cotidianos, ser otimista, se esforçar para melhorar continuamente seu humor, saber dizer o NÃO. Pode parecer um pouco difícil, mas temos que conseguir nos desvencilhar dos novelos emocionais e psíquicos que trazemos, afinal de contas você não consegue curar o outro, se não estiver totalmente saudável.

Por fim, deixo a minha observação ao complexo de Atlas, no trecho abaixo:

É intensamente pesado tudo o peso que esta sobre seu Atlas, porém, lembre-se que o que há por cima dele é a sua cabeça, ou seja, a mente, que é capaz de lidar com esse fardo, quando aceita que chegou a hora de deixar esse peso ir”.




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